segunda-feira, 29 de março de 2010

Químico investiga ação de herbicida líder de mercado

RAQUEL DO CARMO SANTOS

O Glifosato é hoje o herbicida mais usado no mundo. Apenas no Brasil, são consumidas cerca de 100 mil toneladas por ano, nas culturas de soja, cana-de-açúcar, café e cítricos, entre outras. Porém, são poucas as investigações sobre o mecanismo de ação do produto, principalmente da forma como o químico Flavio Bastos abordou em seu trabalho de mestrado apresentado no Instituto de Química (IQ). Ele analisou a ação do herbicida em água e determinou os parâmetros termodinâmicos de sua interação com íons metálicos como cobre, cálcio, zinco e alumínio. “A principal contribuição do trabalho é entender o comportamento do defensivo agrícola para propor o uso racional do produto. Não se trata de estimular a utilização, mas estabelecer parâmetros que determinem quais as melhores condições para se aplicar o produto, evitando assim seu uso de forma descontrolada e irresponsável”, explica Bastos.

Segundo o químico, os metais são micronutrientes essenciais às plantas e as interações entre eles e o herbicida têm, entre outras consequências, a menor disponibilidade destes minerais para a planta. Quando o produto é aplicado no solo, por exemplo, ele pode ser retido pelas moléculas ou eliminado. Neste último caso, pode ser absorvido pelas plantas, havendo grandes chances de vir a atingir os lençóis freáticos e causar sérios impactos ambientais. No caso de ser retido pelas moléculas presentes no solo, interfere negativamente no desenvolvimento da planta.

Uma série de fatores determina qual destes processos irá ocorrer e em que intensidade. Entre eles, a acidez do solo, a concentração do herbicida e a temperatura. “A combinação desses fatores é que vai definir tanto a eficiência quanto a fitotoxicidade do Glifosato na agricultura”, explica Bastos. Mas, a maior preocupação é com o uso inadequado do produto, que pode ocasionar uma eficiência menor que a desejada e levar o agricultor a utilizar uma quantidade maior que a necessária. Este aspecto aumenta ainda mais a sua presença no meio ambiente e se reflete em impactos ambientais maiores.

Como o Glifosato é classificado como herbicida não seletivo, ou seja, ataca qualquer tipo de planta e sua molécula interage fortemente com os íons presentes no solo, seu uso com outro tipo de defensivo agrícola, por exemplo, pode reduzir significativamente o efeito de um ou de outro produto. “Não existe consenso quanto aos mecanismos envolvidos neste processo de sua interação com os metais, por isso a importância de se entender melhor o comportamento do herbicida e avaliar as reações das quais ele participa”, esclarece Bastos. (R.C.S.)

fonte:http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/marco2010/ju455_pag08b.php#

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