quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Notícias-Nobel de Química vai para estudo que explica resistência a antibióticos


07/10/2009 - 07h36

da Reuters
com Folha Online

Atualizado às 08h07.

Dois norte-americanos e uma israelense dividiram o Prêmio Nobel de Química por mostrarem como os ribossomos --máquinas produtoras de proteínas dentro das células-- funcionam, trabalho que tem implicação importante para os antibióticos, informou o comitê que concede o prêmio nesta quarta-feira.

O prêmio de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,4 milhão) foi dado aos norte-americanos Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz e para a israelense Ada Yonath, que detalharam como os ribossomos, que produzem proteína a partir das instruções contidas no DNA, funcionam no nível atômico.

"Como os ribossomos são cruciais para a vida, eles também são um grande alvo para os novos antibióticos", disse o Comitê do Nobel para a Química da Real Academia Sueca de Ciências em comunicado.

O trio explicou, por modelos 3D, como DNA é lido pela célula e mostrou o ribossomo em funcionamento, detalhando como vários antibióticos bloqueiam a função dos ribossomos nas bactérias e as desativam. Isso ajuda a entender como as bactérias criam resistência a remédios e contribui para desenvolver novas drogas.

"Quando comecei esta pesquisa, eu entendi que estava tratando de uma questão muito importante sobre a vida. Nem sempre acreditei que conseguiria achar a resposta. Estou incrivelmente feliz", disse Ada em teleconferência transmitida de Estocolmo, Suécia, onde o prêmio é anunciado.

Ada Yonath é a quarta mulher a receber o Nobel de Química e a primeira desde 1964, quando a britânica Dorothy Crowfoot Hodgkin foi laureada. Antes delas receberam o prêmio Marie Curie (1911) e a filha dela, Irene Joliot-Curie, em 1935.

Esse é o terceiro Prêmio Nobel entregue neste ano após as premiações nas áreas de Medicina, na segunda-feira, e Física, na terça-feira.

O prêmio foi criado por vontade do magnata da dinamite Alfred Nobel e é entregue desde 1901.

Fonte:Folha Online
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u634582.shtml

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Notícias-Unicamp faz hastes ortopédicas de titânio 100% nacionais


Raquel do Carmo Santos

Próteses de titânio

Já é realidade no país o desenvolvimento de hastes de prótese total de quadril fabricadas com ligas de titânio. O protótipo, 100% nacional, foi desenvolvido na Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp e apresenta vantagens em relação aos materiais tradicionalmente usados para essa aplicação.

O uso desses dispositivos é cada vez mais importante devido ao fato de aproximadamente 90% da população com idade superior aos 40 anos apresentar alguma degeneração articular, na qual muitas vezes é necessária intervenção cirúrgica - como, por exemplo, nos casos de artroplastia de quadril e joelho.

As cirurgias basicamente envolvem a substituição da articulação natural por próteses ortopédicas. O envelhecimento da população também é um dado concreto - segundo números publicados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 30% dos brasileiros terão mais de 60 anos ainda na metade deste século.

Metais biocompatíveis

O protótipo produzido por pesquisadores da Unicamp é uma haste de prótese total de quadril e utiliza material constituído pelos elementos titânio, nióbio e estanho, ou seja, metais biocompatíveis e que não oferecem riscos à saúde humana.

Na composição desse material é utilizado entre 25% e 35% de nióbio - o Brasil é o maior produtor mundial desse metal. Neste aspecto reside a inovação do trabalho que tem como perspectiva primária baratear a produção da matéria-prima utilizada. "Estamos propondo tecnologias que reduzam os custos na obtenção da matéria-prima e no processo de fabricação, pois a expectativa é baixar o custo final dos implantes e oferecer algo acessível e de maior qualidade à população", destaca o engenheiro Éder Sócrates Najar Lopes, autor do trabalho.

O engenheiro apresentou a pesquisa que contém os resultados da produção, processamento e caracterização das amostras das ligas denominadas Ti-Nb-Sn - sigla dos elementos químicos utilizados (titânio, nióbio e estanho).

Próteses mais baratas

Os dispositivos, assim como as ligas biomédicas, estão em fase de validação para entrar no mercado. Segundo o pesquisador, poderão chegar com custo intermediário entre as hastes convencionalmente fabricadas em aço inoxidável - a prótese mais barata encontrada hoje no mercado - e as hastes fabricadas com ligas de titânio importado, de maior qualidade, porém nem sempre custeadas pelo Sistema Único de Saúde ou por planos de saúde particulares. Para isso, o engenheiro está iniciando um trabalho de pesquisa sobre o mercado consumidor de biomateriais metálicos.

As hastes produzidas no Laboratório da Unicamp oferecem maior segurança, pois são fabricadas com matéria-prima isenta de elementos tóxicos, diferentemente dos implantes produzidos com os materiais convencionais, entre os quais o aço inoxidável grau cirúrgico, as ligas de cobalto, cromo e molibdênio (Co-Cr-Mo) e as próprias ligas de titânio, alumínio e vanádio ou Ti-6Al-4V. Estas últimas foram desenvolvidas na década de 50 para aplicações aeroespaciais e acabaram por ser "aproveitadas" na área médica devido às excelentes propriedades mecânicas e de resistência à corrosão.

"Neste tipo de implante, o uso do aço é feito com sucesso. Para os casos em que se necessite do implante permanente, o recomendável é utilizar as ligas de titânio. Mas, na grande maioria dos casos, são observados implantes fabricados em aço inoxidável devido ao menor custo da matéria-prima. É nesse sentido que o desenvolvimento de ligas de titânio mais baratas, com alto percentual de nióbio e com tecnologia nacional, se tornam atraentes", explica Lopes.

Biomaterial

Na proposta do novo biomaterial, além das vantagens já comentadas, como a isenção de elementos tóxicos e a redução dos custos da matéria-prima, existe também a possibilidade de se baratear os custos do processo de fabricação dos dispositivos, empregando processo chamado de forjamento a frio, que nada mais é que dar forma a uma geometria através de forças de compressão utilizando uma prensa e um molde.

Este processo não é possível com os biomateriais metálicos convencionais. As ligas estudadas apresentam ainda características únicas no tocante ao controle do módulo de elasticidade, ou seja, o coeficiente que correlaciona a rigidez e flexibilidade do material. Hastes de próteses fabricadas com materiais convencionais apresentam entre três e seis vezes a rigidez dos ossos e essa diferença faz com que um implante dessa natureza instalado dentro do canal medular iniba as deformações elásticas naturais e benéficas que ocorrem no osso ao realizar as atividades como caminhar, correr etc. Essa situação pode acarretar a perda de massa óssea na região do implante e culminar na soltura ou fratura do implante ou do tecido ósseo.

É neste aspecto que tratamentos térmicos específicos permitem controlar as propriedades de rigidez e flexibilidade desses dispositivos. "O processo possibilita a fabricação de hastes com propriedades mecânicas dedicadas, ou seja, específicas de acordo com o tipo de solicitação mecânica e isto não se conseguia com os biomateriais convencionais. A parte superior da haste, por exemplo, pode ser fabricada com maior resistência mecânica e a parte inferior com baixa rigidez", esclarece o pesquisador. Essa capacidade abre campo para uma nova geração de implantes que poderão ser projetados de forma a atender as particularidades da complexa biomecânica do corpo humano.

Sobre o titânio

O elemento titânio é o quarto metal em abundância na crosta terrestre, porém em menor quantidade que o alumínio, ferro e magnésio. Sua produção é pequena pela especificidade no processo de redução do minério até chegar ao elemento, pois não é encontrado na forma pura. Possui altíssima resistência mecânica e à corrosão. A resistência mecânica é semelhante ao aço, com aproximadamente metade do peso. Por isso, em tudo quanto é necessária a redução de peso e maior resistência mecânica, ele pode ser aplicado com eficiência. É encontrado nas áreas aeroespacial, de plataforma de petróleo, automotiva, esportiva, de vestuário e na medicina.

Sobre o nióbio

As jazidas foram encontradas na cidade de Araxá, em Minas Gerais (MG), em meados da década de 1950. Não por acaso, o Estado de Minas Gerais possui a maior oferta, somando 90% da produção brasileira, seguido do Estado de Goiás, com 10%. A segunda maior produção é do Canadá que concentra 1,5%. O Brasil, maior produtor mundial, aparece com 98% no ranking.

Fonte:http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=unicamp-faz-hastes-ortopedicas-titanio-100-nacionais&id=4527

Imagem:Unicamp

domingo, 4 de outubro de 2009

Notícia-Ganhador do Nobel de Química do ano passado conta sua experiência


Claudia Dreifus Do 'New York Times'

Martin Chalfie, 62 anos, chefe do departamento de ciências biológicas da Universidade Columbia, ganhou no ano passado o Prêmio Nobel de Química com Osamu Shimomura e Roger Tsien pela descoberta e desenvolvimento da proteína verde fluorescente (GFP, na sigla em inglês).


"Entrei no site do Nobel para
ver quem foi o idiota que
tinha recebido o prêmio. Aí vi
meu nome, junto com Osamu
Shimomura e Roger Tsien. Eu
era o idiota"




“Com a ajuda da GFP”, disse à época o comitê, “os pesquisadores desenvolveram formas de observar processos antes invisíveis, como o desenvolvimento de neurônios no cérebro ou como as células cancerosas se espalham”. Leia abaixo trechos de uma entrevista de três horas:

É verdade que você estava dormindo e não atendeu à ligação que comunicaria que você havia ganho um Nobel?


É verdade. Quando você tem a sorte de fazer um bom trabalho, as pessoas fazem coisas horríveis – começam a dizer: "Você pode ganhar o Nobel". Então, quando chega a primeira semana de outubro, você perde um pouco o sono. Eu não dormi bem na noite anterior ao anúncio do prêmio de medicina. Eles anunciam o prêmio de química dois dias depois. Bem, naquela noite, ouvi um telefone tocando, como se estivesse longe, mas pensei que fosse do vizinho. Então, acordei às 6h10 da manhã do dia seguinte e deduzi que o prêmio de química tinha ido para outra pessoa. Abri meu laptop e entrei no site nobelprize.org para ver quem foi o idiota que tinha recebido o prêmio. Aí vi meu nome, junto com Osamu Shimomura e Roger Tsien. Eu era "o idiota". Acordei minha mulher, Tulle: "Aconteceu". Ela disse: "O quê? Nós dormimos demais e esquecemos de levar nossa filha para a escola?" De repente, o telefone começou a tocar. Era uma repórter da AP; ela disse que estava na frente do nosso apartamento e queria tirar uma foto minha. Eu disse: "Estou de pijamas". A repórter disse: "É exatamente essa foto que eu quero." Eu retruquei: "Mas você não vai tê-la".

Você é biólogo. Ficou surpreso por ter ganho o Nobel de química?


O prêmio era, na verdade, para a molécula. Em 1962, Osamu Shimomura descobriu uma proteína em uma água-viva que fazia com que ela brilhasse em um tom verde. Com colegas, 30 anos depois, pude inserir esse gene GFP em bactérias e torná-las verdes. Quando fizemos isso, foi aberta a possibilidade de usar a GFP como um tipo de lanterna natural dentro de animais e plantas, permitindo-nos ver células ou partes delas. Roger Tsien levou a questão mais adiante, criando uma paleta inteira de cores a partir da GFP, o que nos dá identificação para podermos ver mais processos à medida que eles ocorrem. O grande avanço é que agora podemos ver tudo isso em tempo real.

Como você começou a estudar a GFP?



Na verdade, até sei o dia em que ouvi falar dela pela primeira vez. Isso porque tenho um pedaço de papel cheio de anotações empolgadas que eu tomei – dia 25 de abril de 1989. Tínhamos uma série de seminários aqui e o neurobiólogo Paul Brehm era o palestrante convidado. Em sua apresentação, ele mencionou como Osamu Shimomura estava estudando essa água-viva que tinha uma proteína capaz de fornecer uma luz verde quando lançamos ultravioleta sobre ela. Havia uma década que eu estudava uma minhoca transparente, a C. elegans. Imediatamente pensei: se pudéssemos colocar o gene GFP na C. elegans, poderíamos ver processos biológicos em animais vivos. Até então, tínhamos de matá-los e preparar quimicamente seus tecidos para visualizar proteínas ou genes ativos dentro das células. Porém, aquela visão era estática: queríamos ver a progressão dos eventos à medida que as células mudavam com o tempo. Fiquei muito empolgado. Não conseguia mais prestar atenção na palestra de Brehm. Fiquei fantasiando sobre todas as coisas maravilhosas que poderíamos fazer. Passei o dia seguinte tentando encontrar quem mais estava trabalhando com a GFP. Descobri que Douglas Prasher estava tentando clonar o DNA: imediatamente concordamos em trabalhar juntos. Porém, por causa de uma série de mal-entendidos, perdemos o contato. Ele tinha achado que eu tinha largado a ciência. Em 1992, nos reencontramos. Um mês depois, usando o DNA que ele tinha nos mandado, inserimos a proteína na E. coli, que ficou verde quando lançamos ultravioleta sobre ela. Pudemos, então, fazer a mesma coisa com a C. elegans.

Como o Prêmio Nobel mudou sua vida?

O principal é que ele me transformou em alguém que é ouvido. As pessoas geralmente não ouvem muito os cientistas. Durante uma coletiva de imprensa em Columbia, dada no dia em que fui premiado, afirmei que estava assinando uma petição imediatamente de premiados pelo Nobel, em apoio à candidatura de Barack Obama à presidência; isso foi apenas algumas semanas antes das eleições. Se fosse uma semana antes, ninguém ligaria para o meu voto. De resto, tudo segue mais ou menos igual. Sou presidente de um departamento de biologia, e ainda preciso conseguir verba e espaço para os alunos. Ainda tenho de pedir financiamento para minha pesquisa, que é julgada como a de qualquer outra pessoa. Ninguém do Instituto Nacional de Saúde diz: “Ah, ele ganhou o Nobel, vamos dar o dinheiro a ele”.

Por que você acha que o governo de Obama fez da pesquisa biológica uma peça importante do pacote de estímulo econômico?

É porque a pesquisa biológica é muito intensa em trabalho. Também há dinheiro para a remodelação de laboratórios e a compra de novos equipamentos, que gera empregos fora da academia. No meu laboratório, não nos inscrevemos para receber dinheiro do pacote de estímulo porque nossa verba regular estava para ser renovada. Parecia muito egoísta inscrever-se para ambos. No entanto, conheço três pessoas no departamento cujos empregos foram salvos pelo estímulo.

Voltando ao Nobel, como você se preparou para a cerimônia formal em Estocolmo?

Meu amigo Bob Horvitz, que ganhou o prêmio de medicina em 2002, tentou me preparar. Ele disse: "Você vai a um ensaio antes da cerimônia e eles vão te mostrar um vídeo de Paul Nurse (chefe da Universidade Rockefeller) aceitando o prêmio porque eles querem te mostrar o que não fazer". Aparentemente, você deve caminhar até o rei, aceitar sua medalha, apertar a mão dele e se curvar para o rei e os eleitores. Então, você se curva para a plateia. Paul fez isso, mas quando ele voltou para sua cadeira, ele levantou à mão, estilo Rocky Balboa, e fez: "Yesssss!" Parece que eles não aprovaram esse comportamento. Quando chegamos a Estocolmo, eles não nos mostraram o vídeo de Paul Nurse. Na cerimônia, depois que eu me curvei para o rei, os eleitores e a plateia, vi minha mulher e minha filha na terceira fila, e soltei um beijo para elas. Depois, na recepção, conhecemos uma tal de Condessa Alice, que nos disse: "Em todos os anos de cerimônia que presenciei, nunca vi ninguém fazer aquilo!" Agora, temo que eles passem a mostrar meu vídeo como exemplo do que não fazer.

Na segunda-feira (5) vão começar a anunciar os nomes dos ganhadores do Nobel 2009. Você tem algum conselho para eles?

O mesmo que recebi: aproveite.

FOTO:Beatrice de Gea/The New York Times

Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1327699-5603,00-GANHADOR+DO+NOBEL+DE+QUIMICA+DO+ANO+PASSADO+CONTA+SUA+EXPERIENCIA.html

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