domingo, 28 de fevereiro de 2010

EEL pesquisa novas alternativas para tratamento de efluentes



Laura Lopes, especial para o USP Online


A água oxigenada pode ajudar a limpar o meio ambiente. Pode parecer absurdo, mas ela é o principal elemento usado em um processo chamado oxidação avançada, estudado pelo grupo de pesquisa Qualidade e Meio Ambiente do Departamento de Engenharia Química da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP. A pesquisa é um dos exemplos do que faz o laboratório, que busca novas e sustentáveis alternativas para a administração de passivos ambientais.


Na oxidação avançada, o objetivo é bombardear de radicais hidroxila (OH-) o meio em que efluentes industriais forem jogados. Estes radicais têm alto poder de oxidação e atuam sobre os compostos orgânicos quebrando sua estrutura, transformando-os em gás carbônico (CO2) e água (H2O). "Existem várias maneiras de criar esses radicais. A mais usual é irradiar com ultravioleta a água oxigenada (H2O2), transformando-a em radicais hidroxila (OH-) e água (H2O)", afirma o professor Messias Borges Silva, responsável pelo grupo, que tenta encontrar um meio menos poluente para se lidar com efuentes da indústria têxtil, laticínios e tintas e até para o chorume dos aterros sanitários.

São 42 pesquisadores de pós-graduação (24 só na área de meio ambiente) e seis professores envolvidos em todas as áreas do departamento, incluindo duas especializações - Engenharia Ambiental e de Qualidade. No laboratório, reatores com capacidade de um a quatro litros ajudam os cientistas a testarem o processo em diferentes condições - e com diferentes efluentes. A radiação ultravioleta chega ao reator por meio de uma lâmpada, mas os pesquisadores estão estudando usar a radiação solar para economizar energia elétrica. "Nosso grupo é relativamente novo, mas com o acúmulo desse conhecimento, esperamos que em cinco anos seja possível construir uma unidade compacta capaz de ser transportada na carroceria de uma caminhonete para ser levada às indústrias e tratar esse passivo ambiental", explica Messias.

De acordo com ele, os métodos normalmente usados para limpar a água com os resíduos químicos da indústria são a coagulação/floculação e lodo ativado, ambos feitos em uma estação de tratamento dentro da indústria. A carga química pesada dessa água passa primeiro pela coagulação: adiciona-se sulfato de alumínio, que provoca uma reação de floculação dos poluentes, que, por sua vez, são separados da água. Apesar de tirar o efluente daquele fluxo de água, esse processo gera um efluente sólido, normalmente levado ao aterro sanitário.

Também é possível tratar essa água poluída por um processo biológico chamado lodo ativado. Neste caso, o efluente orgânico serve de alimento para microoganismos vivos que vivem em um lago altamente oxigenado. O resultado dessa cadeia alimentar são flocos (ou o próprio lodo). Ao final, parte desse lodo se sedimenta e a água é extraida. De tempos em tempos é preciso retirar o lodo e levá-lo ao aterro. Invariavelmente, os resíduos são incinerados, mas os gases de queima são considerados um problema em algumas situações, criando outro impactante. O grupo de Lorena estuda um tratamento que transforme todos os resíduos em água e gás carbônico. Com isso, não haveria resíduos sólidos nem a necessidade de levá-los ao aterro, onde o chorume ainda não tem um fim verde. "A grande vantagem é que a oxidação avançada pode chegar a uma total mineralização do efluente poluente, tranformando-o em CO2 e H2O", afirma Borges Silva. A água voltaria para a natureza e o CO2 seria usado para alimentar algas, por exemplo. O grupo estuda, inclusive, uma forma de filtrar o chorume dos aterros e aplicar nele o processo da oxidação avançada.

O grupo liderado pelo professor Messias também oferece capacitação em Qualidade. "Não existe um curso superior de Engenharia de Qualidade, que pode servir tanto a produtos quanto a serviços. Temos muita Gestão da Qualidade no Brasil, mas o nosso curso também engloba a parte de Engenharia", explica. A pós-graduação lato sensu forma especialistas em Engenharia da Qualidade, que envolve gestão da qualidade, gestão estratégica, sistemas de gestão da qualidade, estatística, qualidade global, entre outros temas. Segundo o professor, esses especialistas, que normalmente são engenheiros ou administradores, podem trabalhar tanto em empresas quanto em indústrias, já que são preparados para executar os processos de qualidade para a melhoria de produtos e serviços. O curso, que atualmente conta com 18 alunos, tem duração de um ano e meio - são 600 horas/aula.

fonte:

Nenhum comentário:

Postar um comentário